Todos podemos ver a vida pela ótica que desejamos. É aquela história de saber se você vê seu copo meio cheio ou meio vazio. Os que vencem na vida, em geral, focam naquilo que têm, e se apegam a isso; os que se permitem olhar para baixo, os que desistem, os que desanimam focam naquilo que não têm, ficam reclamando da vida e não vão muito longe. Mas, claro, é você quem, AFINAL, decide em que vai focar.
Pois é, Barrichello foi vice-campeão duas vezes, teve algumas vitórias históricas em F-1 (a primeira, então, foi antológica, com o risco de o carro ficar sem combustível) e é o recordista em número de participações em GPs. Claro, o brasileiro é muito exigente (Senna já dizia isso...), quase todo mundo lembra do "pé-de-chinelo" e reclama por este atleta não ter sido campeão, por ter sido a sombra do Schumacher etc.
Não vou entrar nessa discussão. Apenas anoto minha admiração e respeito pela figura humana e pelo esportista que Rubens é.
Escrevo sobre ele pois acabo de ler uma notícia interessantíssima na internet, que descreve que Rubinho ficou acampado em frente à fábrica do dono da nova escuderia (a Honda foi vendida e agora tem novo nome: Brawn GP) até que seu contrato fosse assinado. Obviamente, não foi um "acampamento" qualquer. Ele estava em seu
motorhome (um veículo luxuoso que, como o nome sugere, parece "uma casa sobre rodas"). Rubinho disputava, com vários interessados, uma vaga na nova escuderia que sucede a Honda. Pois bem, a matéria continua dizendo que ele ficou cinco dias na Inglaterra, em Brackley, acampado diante da fábrica da Brawn e que ele não pretendia sair de lá enquanto seu contrato não fosse assinado. Ressalta, ainda, que o fato de ele permanecer no local não deve ter influenciado muito na decisão da assinatura do contrato, mas que, certamente, traduzia-se em mais uma prova da motivação do piloto para conquistar a vaga.
No final do ano passado todos davam a carreira de Rubinho como encerrada. O homem não desistiu, insistiu, insistiu, correu em busca do seu sonho (continuar pilotando, de preferência, em uma equipe competitiva), continuou sendo ridicularizado... criou estratégias, persistiu, até mesmo desceu do "salto alto" e foi acampar (com estilo, claro, num
motorhome) em frente à empresa.
Como a própria reportagem diz, só o "acampamento" do "sem-equipe" não seria o suficiente para a contratação. Afinal, o currículo de Rubens é respeitável. Mas que a atitude mostra o que existe de disposição e motivação dentro do homem, isso mostra!
Daí, em curta mensagem, gostaria que cada concurseiro que está com dificuldades, que está sendo objeto de escárnio ou de desconfiança, que está sem ser aprovado ainda, enfim, que está passando pelas agruras do "campeonato do concurso", que possa olhar o belíssimo exemplo de fé e perseverança, de otimismo e garra que nos dá Rubens Barrichello.
Falem o que falarem, ele gosta de correr e está correndo. Por isso, meus parabéns para o Rubinho e para cada concurseiro que seguir em frente, a despeito do mundo, para chegar onde quer.
Não sei se haverá alguma reviravolta na F-1, torço para que não. Torço para que o Rubens tenha um bom carro. Não sei como ele irá nas provas, mas sei que, naquilo que depender dele, estará lá fazendo seu melhor. Por isso, mesmo não sabendo o futuro, admiro o esportista e seu exemplo. E eu, anote isso, valorizo as pessoas mais pelo esforço do que pelos resultados. Os resultados são conseqüência apenas... ou fruto do imponderável ou da ação divina. Os vikings já diziam que "a vitória e a derrota pertencem aos deuses; devemos nos alegrar e orgulhar pela batalha".
No seu caso, concurseiro, as regras e as perspectivas são ainda muito mais seguras que as da F-1: você é o dono da sua equipe. Você mesmo pode escolher pilotar o carro da sua vida, e as estradas e pistas que vai enfrentar. O mundo dos concursos é demorado, trabalhoso e difícil, mas as regras são claras, a concorrência não é nada senão uma "fila" (já falei nisso em artigos anteriores) e a vitória é algo com que se pode contar ao final da longa jornada de aprendizado e amadurecimento. E, claro, é muito mais difícil NÃO passar no concurso! O desemprego, ou subemprego, é mais trabalhoso, demorado e difícil do que uns poucos anos de luta e esforço para passar nas provas. Para isso, obviamente, existem a matéria e as técnicas de organização, estudo e realização de provas sobre as quais falo nos livros. Mas, para quem é persistente, nada há que não seja realizável.
Willian Douglas.